Congresso do PSOL de Porto Alegre vota tática correta
Esse texto é uma afirmação da tática votada no Congresso Municipal de Porto Alegre. É assinado por mim, pois sou membro da Executiva Municipal de Porto Alegre e da Executiva Estadual do partido, sendo uma das responsáveis pela organização do Congresso do PSOL no Rio Grande do Sul. Mas é resultado do acúmulo de muitos debates feitos na base e na direção do Movimento Esquerda Solicialita (MES-PSOL) e com agrupamentos internos do PSOL, inclusive no Congresso Municipal do partido, que aconteceu no último domingo, e votou pela busca da unidade com a federação PT, PCdoB e PV, a partir de um debate programático, ao mesmo tempo em que afirmou os nome de Luciana Genro e Tamyres Filgueira como as indicadas para a chapa majoritária.
6 dez 2023, 12:30 Tempo de leitura: 6 minutos, 49 segundosPor: Gabi Tolotti
Esse texto é uma afirmação da tática votada no Congresso Municipal de Porto Alegre. É assinado por mim, pois sou membro da Executiva Municipal de Porto Alegre e da Executiva Estadual do partido, sendo uma das responsáveis pela organização do Congresso do PSOL no Rio Grande do Sul. Mas é resultado do acúmulo de muitos debates feitos na base e na direção do Movimento Esquerda Solicialita (MES-PSOL) e com agrupamentos internos do PSOL, inclusive no Congresso Municipal do partido, que aconteceu no último domingo, e votou pela busca da unidade com a federação PT, PCdoB e PV, a partir de um debate programático, ao mesmo tempo em que afirmou os nome de Luciana Genro e Tamyres Filgueira como as indicadas para a chapa majoritária.
Assista a abertura política feita por Roberto Robaina:
O PSOL acabou de realizar um Congresso que reuniu 1290 militantes na capital. Foram 10 plenárias na cidade, sendo que sete delas foram realizadas em bairros da periferia e as outras três no Centro Histórico. As plenárias realizadas na Restinga, Rubem Berta, Santa Rosa de Lima, Belém Velho e Lomba do Pinheiro representaram 49,69% dos votos. Esses números demonstram o crescimento e o enraizamento que o PSOL tem conquistado nos bairros. Para o congresso do último domingo foi usada a mesma proporção de delegados eleitos nas plenárias de base, e 80% deles defenderam o nome de Luciana Genro como pré-candidata. A outra excelente opção era a Fernanda Melchionna, mas ela mesma não queria por não querer descuidar do trabalho de deputada federal no segundo semestre. Então, Fernanda também propôs e defendeu o nome de Luciana. Fundadora do PSOL, Luciana Genro tem um forte eleitorado, tanto que foi a segunda deputada estadual mais votada, com 111 mil votos. Se pensarmos apenas no campo de esquerda, Luciana foi a mais votada. A escolha de Luciana veio acompanhada pelo nome de Tamyres. Essa é a principal liderança mulher e negra que nós temos. A vereadora Karen Santos não quis e tem o direito. Karen entende que sua tarefa em 2024 é ajudar a fortalecer uma bancada do PSOL na Câmara. Importante que se tenha essa preocupação. Pois mesmo cientes da necessidade de uma aliança da esquerda para ter melhores condições de vencer o Melo, a direção do PSOL sabe que caso o PT seja a cabeça de chapa corre-se o risco de diminuir nossa bancada de vereadores na Câmara, mas estamos apostando que os eleitores reconheçam esse gesto em direção à unidade.
No início da semana, vimos algumas postagens do deputado estadual Matheus Gomes, que faz parte de um agrupamento chamado Resistência e no congresso estadual esteve em aliança com a Revolução Solidária, dizendo que os nomes do PSOL para as eleições da capital foram escolhidos pela elite partidária. A afirmação do Matheus não é verdade.
Quem não concorda com os nomes escolhidos tem todo o direito. Mas não pode dizer que a base do partido não decidiu. Em nosso congresso, votamos nossa chapa e que queremos unidade com a federação PT, PV e PCdoB. O PT é outro partido. Não cabe a nós decidir por eles. E eles escolheram por unanimidade o nome de Maria do Rosário. Como forma de contemplar um nome de consenso, o vereador Roberto Robaina, por exemplo, defendia Olívio Dutra. Mas Olívio não quis. E também tem o direito de não querer. Edegar Preto também não quis. E agora também já está um pouco afastado da cidade. Então quem o PT escolheria? Ficou entre Sofia e Rosário. Escolheram a Maria do Rosário. É uma decisão do PT. Sofia mesmo acabou concordando e retirando seu nome. Poderíamos ficar reclamando das escolhas do PT e dizer que não faremos unidade. Mas estamos empenhados em fortalecer uma frente contra o Melo na Capital. Por isso votamos que a unidade de ação em oposição a ele e sua política tendem a ser a principal tarefa do próximo período. E decidimos propor nosso nome e propor um mecanismo de escolha do nome (seja prévia, seja pesquisa, etc) e debater o programa que tenha um recorte popular e a linha de campanha. Entre os temas centrais que queremos acertar para que se consolide a unidade estão as questões que envolvem privatizações e terceirizações, além de entender que tarifa zero deve ser um dos eixos de campanha, pois é um ponto central na luta pelo direito à cidade. Esse é o ponto em que estamos e queremos avançar.
O deputado Matheus Gomes fez postagens criticando a esquerda. Ele tem direito às suas posições. Mas deveria ter participado do debate no congresso do PSOL, onde todas as posições foram apresentadas, debatidas e votadas. Mas ele viajou para Dubai. Eu acredito que um dirigente partidário que está tão preocupado com a tática eleitoral para Porto Alegre não deveria ter trocado o congresso do seu partido para viajar para a COP 28, que em termos ambientais não resolveu nada (exceto se ocupasse cargo de ministro, governante, ou estivesse organizando algum protesto).
Independente da presença do Matheus, foi no nosso congresso municipal que debatemos a nossa política, não numa cúpula. Matheus Gomes pede prévias. Essa é a proposta que tem sido reivindicada pela maioria da direção do PSOL há meses. Mas o PT já fez sua indicação de nome, nós precisamos da nossa. E se o PT não quiser entrar no processo de prévias, fazemos o que? Rompemos a unidade? Não é isso que estamos defendendo. Com a defesa de prévias, talvez o Matheus quisesse era ele mesmo ser o candidato. Mas seu nome não foi apresentado no congresso do PSOL, que também estava debatendo nomes. E nesse caso sua trajetória seria ser eleito para vereador em 2020, não completar o mandato e ser eleito para deputado estadual em 2022 e não completar o mandato para ser prefeito ou vice-prefeito. O mérito é ter uma carreira meteórica. Mas não parece correto não se completar os mandatos. Pelo menos uma vez que seja. Além disso, não acreditamos que o Matheus tenha força para ganhar de Melo. O que fica explícito nas pesquisas do Instituto Methodus. Em nenhuma delas, por exemplo, o nome dele apareceu na pesquisa espontânea, que é quando o eleitor indica quem quer que seja o candidato sem ser oferecida uma lista pré estabelecida. É o método mais fiel no termômetro das eleições. O nome do Matheus não foi citado por nenhuma pessoa. As pesquisas deste Instituto, um dos poucos que acertou as pesquisas para o governo do Estado em 2022, está acessível ao público e pode ser conferida aqui.
Por fim, defendemos o nome de Luciana Genro, que dispensa apresentações, carrega consigo a força do programa do PSOL, e o nome de Tamyres Filgueira, que vai voar com toda sua força nessas eleições. Quando se fala em representação da negritude não se pode citar apenas os e as parlamentares, Tamyres é uma liderança sindical negra e está sendo indicada como vice. Precisa ser muito valorizada. Tenho certeza que todos que estiveram no nosso congresso e escutaram a fala de encerramento da Tamyres saíram convictos que fizemos a escolha certa. Arrisco afirmar que não será apenas o Matheus Gomes que terá uma carreira meteórica. Ela, como Matheus, veio do PSTU e entrou no PSOL por volta de 2017. Ela é uma liderança negra. É mãe. Foi cobradora da Carris. E é oriunda da periferia (que neste caso apenas ela é). É isso, por enquanto. O PT e o PSOL são partidos e fizeram suas escolhas. Agora é hora da luta e da construção da unidade.
Assista o encerramento feito pela Tamyres Filgueira:
Gabi Tolotti é da direção executiva do PSOL RS.