Militante antirracista e sociólogo, Gilvandro Antunes lançou sua pré-candidatura a deputado federal pelo PSOL em Porto Alegre nessa sexta-feira (22/07). O evento ocorreu no Bar do Paulista, conhecido reduto do Centro da cidade, e contou com a presença de lideranças do partido, como a presidente da sigla no RS, deputada estadual Luciana Genro, que é pré-candidata à reeleição, e o vereador da Capital, Roberto Robaina, pré-candidato ao Senado.
Gilvandro Antunes atuou junto ao mandato de Luciana Genro, assessorando a deputada na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos e na Frente Parlamentar em Defesa da Moradia Popular Digna na Assembleia Legislativa. Há 25 anos na militância, ele tem como principais pautas, além da luta antirracista, também a defesa dos direitos humanos e da moradia digna.
No começo do lançamento, mulheres integrantes do Movimento Vidas Negras Importam, coordenado por Gilvandro no estado, exaltaram seu trabalho no movimento e também fora dele, e declamaram poemas sobre os temas do racismo e da escravidão.
Em sua fala, o pré-candidato comentou sobre os problemas sociais decorrentes do capitalismo, responsável por tantas crises e desigualdades, tornando a sociedade decadente, segundo ele. Sobre o movimento negro, Gilvandro ressaltou que possui várias correntes e completou dizendo que a sua é socialista, por acreditar que “os problemas sociais só serão resolvidos com a união das lutas anticapitalista, antifascista, antirracista e revolucionária”.
Ao convidar Luciana Genro para a mesa, ele qualificou seu mandato como o que mais promove lutas em prol dos trabalhadores e minorias. A deputada iniciou sua fala reconhecendo seus privilégios enquanto mulher branca de classe média e falou como foi fundamental ler autoras feministas negras para entender a conexão entre as pautas antirracista e feminista. Foi a partir desse entendimento que surgiu a Emancipa Mulher, uma escola fundada por Luciana Genro e que atua dentro da causa feminista com viés de raça e classe. “As pessoas brancas devem ser aliadas da luta antirracista, pois somos nós os agentes do racismo”, completou.
Ao falar de Gilvandro, Luciana Genro destacou a importância do papel de militantes como ele, que por muitos anos atuou nos bastidores, contribuindo de diversas formas para as lutas com as quais é envolvido, sem buscar os holofotes da vida pública. “Essas pessoas são imprescindíveis para a construção política. As eleições são uma tarefa árdua, mas a militância ultrapassa ela. E o Gil tem esse compromisso que vai além das eleições”, assegurou.
Para a deputada, o período eleitoral é uma oportunidade de construção de figuras públicas que serão referência para a população, o que, no caso das pessoas negras, é mais importante ainda, já que são ensinadas que não podem ocupar locais de destaque, em função do racismo ainda tão presente na sociedade.
Roberto Robaina apontou o fortalecimento do movimento negro nos últimos anos no mundo, citando a importante participação dos afroamericanos na derrota de Donald Trump nas últimas eleições estadunidenses. No cenário regional, acredita que o Rio Grande do Sul tenha um aspecto atrasado nesse sentido, e que é necessária uma “energia revolucionária”, que disse enxergar em Gilvandro. De acordo com ele, é preciso organização do movimento negro e as candidaturas servem pra esse propósito. “O Gil é militante há mais de duas décadas e é alguém que está sempre estudando, precisamos de mais pessoas assim, por isso é alguém que vale a pena apoiar”, explicou.
Vereadora suplente do PSOL em Porto Alegre e pré-candidata a deputada federal, Fran Rodrigues, que também é militante antirracista, reforçou o valioso papel do PSOL e do mandato de Luciana Genro em defesa da pauta. Para ela, as eleições são um momento propício para ampliar o diálogo com a população e levar informações referentes a causas importantes, como a antirracista. Fran comentou sobre a necessidade de um levante negro, no intuito de buscar mudar a realidade desse grupo, em especial das mulheres negras, mais afetadas pelo desemprego e também quem recebe os salários mais baixos, como destacou a pré-candidata. Ela também lembrou do relevante papel das eleições de 2022, com a luta para derrotar Bolsonaro nas urnas.
Márcio Chagas, professor de Educação Física e ex-árbitro de futebol, também pré-candidato a deputado federal, reforçou a atuação do governo genocida na perseguição a pessoas negras e pobres, com sucessivas mortes em operações policiais, além da miséria em função do desemprego e aumento dos preços dos alimentos. Ele disse que no Rio Grande do Sul, “segregador e racista”, candidaturas negras têm uma grande relevância a fim de tentar alterar essa realidade. O pré-candidato afirmou “se sentir em casa” no PSOL, por ser “um partido pequeno que luta pelas minorias”, o que o fez optar por ele quando decidiu ingressar na política.
Também estiveram presentes no lançamento a coordenadora pedagógica do Emancipa mulher, Carla Zanella, colegas de trabalho e militância de Gilvandro, bem como familiares e amigos.
